Sunday, November 20, 2005

Zahovic: «Nunca mais quero sentir a enorme alegria do golo»

Zahovic marcou o primeiro golo do Benfica e dedicou o tento ao desaparecido Miklos Fehér, num momento que uniu toda a equipa. O esloveno confessou no final do jogo o que sentiu no minuto 27 do jogo com a Académica: «Senti uma alegria muito grande mas espero nunca mais voltar a senti-la porque nunca mais quero passar por tudo isto outra vez.»
O camisola 10 das águias ressalvou que o jogo com os estudantes foi de especial importância para todos: «Era um jogo de muita emoção. Queríamos prestar homenagem ao nosso grande amigo Miki e por isso ficámos muito felizes pela vitória. Foi uma semana difícil para nós e para todos os benfiquistas, mas a vida tem de continuar.»
Zahovic afiançou que o grupo de trabalho tem de encontrar forças para olhar para o resto do campeonato com determinação: «Neste jogo mostrámos que temos capacidade para ganhar jogos. Vamos continuar a procurar forças para reagir.»

Sunday, November 06, 2005

Benfica 2-0 Académica: Vitória por Fehér


No primeiro jogo realizado a seguir ao desaparecimento de Fehér o Benfica venceu, por 2-0, a Académica de Coimbra em jogo referente à 20.ª jornada da Superliga. Num jogo especial, a equipa benfiquista deu uma resposta afirmativa, ao encurtar a distância que o separa dos lugares cimeiros da classificação geral e ao homenagear, com dois golos, o eterno camisola 29 do Benfica, Miklos Fehér.
Depois da honrosa e sentida homenagem ao malogrado jogador húngaro, o árbitro Martins dos Santos apitou para o início da partida. Sem alterações no “onze” inicial, cedo se percebeu que os jogadores “encarnados” queriam resolver o jogo logo de início, de forma a cumprirem a sua missão, o que acabou por acontecer.
Pressionante a meio-campo e balanceado no ataque o Benfica criou sempre muitas oportunidades de golo durante todo o encontro. A primeira delas surgiu logo à passagem do segundo minuto de jogo, quando Petit num remate de meia distância proporcionou a primeira, de muitas defesas, ao guardião adversário Pedro Roma.
A Académica só em contra-ataque criava desequilíbrios e Moreira teve mesmo de se aplicar, aos 6’ e aos 21 minutos. Ainda assim foi o sempre o conjunto benfiquista que esteve mais perto de marcar, o que acabou por ocorrer aos 28 minutos, quando Petit na cobrança de um livre cruzou para a área onde Zahovic, de cabeça, inaugurou o marcador e fez o que milhões de benfiquistas esperavam a tão desejada dedicatória ao eterno companheiro. Um golo com uma coreografia especial, em que os onze jogadores, abraçados e ajoelhados, apontaram os indicadores para o céu.
A perder por 1-0 a formação de Coimbra ainda tentou reagir, mas o forte “pressing” do Benfica a meio-campo não diminuiu e o mesmo Zahovic poderia ter ampliado a vantagem a cinco minutos do intervalo, quando num remate central à baliza de Pedro Roma fez a bola passar rente ao poste esquerdo da baliza. O intervalo chegou pouco depois com a vantagem mínima a pertencer ao Benfica.
No reatar da partida, e até aos 15 minutos do segundo tempo houve um claro ascendente da equipa da Académica, que tentou a todo o custo chegar ao empate. Nessa circunstância valeu novamente Moreira. Nessa altura Camacho resolveu mexer na equipa e lançou Geovanni e Alex na partida, para os lugares de Zahovic e João Pereira.
Com maior frescura física nas alas, o Benfica recuperou fôlego e voltou a criar desequilíbrios no ataque. Até que seis minutos depois das substituições os dois extremos construíram a jogada do 2-0. Alex trabalhou bem no flanco esquerdo e cruzou rasteiro, Geovanni vindo de trás apareceu solto de marcação na área adversária e limitou-se a empurrar a bola para o fundo da baliza à guarda de Pedro Roma.
A vencer por dois a zero, o conjunto “encarnado” geriu a vantagem e foi trocando a bola pelos diversos sectores. Moreira voltou a estar em evidência, quando, aos 74 minutos, negou o golo a Kaká, desviando a bola para canto. Até ao final do encontro registo ainda para uma grande penalidade que ficou por assinalar, aos 88 minutos, após derrube sobre Tiago dentro da área coimbrã.
No final dos 90 minutos o resultado manteve-se e o Benfica alcançou mais uma vitória na competição. Uma vitória bem conseguida pelos jogadores benfiquistas, que cumpriram a sua tarefa e homenagearam da melhor forma o eterno companheiro de equipa.

Homenagem Bracarense a Miklos Fehér


Antes do encontro, foi com todo o Estádio Municipal de Braga emocionado e a aplaudir de pé, ao "som" dos 14 golos que "Miki" marcou pelo SCBraga que lhe foi prestado o grande tributo de todos os Bracarenses e, diga-se porque também fica bem, de todos os Moreirenses presentes.
O filme com os golos de "Miki" foi acompanhado de uma música de Sting, que a certa altura diz "sinto a tua falta...". Foi, concerteza o sentimento de todos...
Ainda antes do início do jogo, foi ouvida uma mensagem do Director Executivo do SCBraga SAD, Artur Monteiro que conviveu muito com Fehér, leu uma mensagem muito sentida e que dizia a certa altura: "espero que encontres o Pedro Lavoura no céu e manda-lhe um abraço nosso..." Também Barroso se mostrou bastante emocionado, agarrando-se á camisola que era de Miki, enquanto jogador do SCBraga, a chorar...
Ao intevalo, quem esteve no Estádio, pôde ouvir "Kozeli helyeken" dos Bikini, que era a música favorita de Miki" Fehér e que muito lhe dizia...agora diz-nos a nós.
Até sempre nosso "Miki"

Thursday, November 03, 2005

Comentários

Quando andava a pesquisar artigos sobre o Miki na net encontrei alguns comentários que me emocionaram e por essa razão vou pôr aqui alguns deles.
"A cidade do silêncio.Ontem, perante o olhar de milhares de pessoas, Miklos Fehér lançou um último adeus em forma de um sorriso. O actor morreu no palco, a mais trágica das despedidas. Os companheiros ajoelharam-se e choraram. A multidão chamou por ele, aplaudiu-o, mas cedo compreendeu que não o conseguiria trazer de volta. A morte no lugar da paixão. Foi o momento em que as cores se diluíram na chuva, em que todos perderam alguma coisa. Depois da ovação ensurdecedora, o silêncio ainda mais ensurdecedor. O estádio como um velório. A saída cabisbaixa, as lágrimas sem emblemas. A fragilidade, a pequenez. Hoje, a nossa cidade acordou com um silêncio de luto. Os cafés estavam sem palavras de manhã. A chuva constante não fazia barulho a cair. Os passos eram mudos e os olhares estavam emocionados. Afinal, os golos, os penalties e os foras de jogo não têm importância nenhuma."
"Perdi porque te perdemos. Caíste no estádio vestindo a camisola do clube do meu coração. Não consegui reanimar-te porque as minhas lágrimas não chegaram ao teu coração para te darem a vida que teimou em te faltar.
Por cada golo que o meu clube marcar, virá uma lágrima minha lembrar-te, lançando uma sombra que vai tornar triste a minha alegria.
Adeus Fehér! "
"Esta é a madrugada mais triste.Se houve coisa que nunca me passou pela cabeça, foi ver um jogador do meu querido clube morrer em pleno relvado, de águia ao peito.Triste sina a de Miki, triste sina a do glorioso, que a pouco mais de um mês de se tornar um clube centenário vê desaparecer um jogador que sempre soube honrar a camisola do clube que vestia, mesmo quando não vestia de encarnado! Triste sina a do adepto apaixonado como eu!Não costumo ver o meu Benfica na televisão. Irrita me. Mas desta vez fui fazendo zapping, entre "a bola" e o comentário de Marcelo. O Benfica lá marcou…"agora é que eu não vejo mais nada". Mas cerca de um minuto depois lá estava de novo fixado no canal 39.Havia um estranho silêncio nos comentadores, "papagaios" que nunca se calam, que a nada se calam. Mas desta vez era diferente. Pouco ou nada diziam e as lágrimas escorriam pela face daqueles que estavam em campo…, e eram muitos. Jogadores, treinadores, adversários, médicos, muitos. Muitos médicos. Tive dificuldade em me aperceber do que sucedia e a quem sucedia. Pensei que fosse uma lesão grave tipo fractura exposta, que comove sempre muito os colegas de equipa e adversários, mas logo me apercebi que era muito pior, devido às massagens cardíacas.O resto todos conhecemos!Não me lembro de momento tão estranho, difícil e triste na vida do meu querido clube.Não tenho por habito ligar a este tipo de tragédias. É a vida e tal…acontece!Mas, desta vez, tive muita dificuldade em acreditar no que estava a acontecer, mas ao mesmo tempo cedo pensei que Miki não se safava, e mesmo que não morresse o mais certo seria ficar um vegetal.É tudo muito estranho.No desporto é fácil acontecerem coisas destas. Basta estar vivo. Lembro que ainda à menos de um ano um dos pilotos do campeonato mundial de velocidade de motociclismo, muito "gostado" em todo o padkok, faleceu na primeira prova do campeonato num brutal acidente nos treinos do Grande Prémio do Japão em Suzuka.Foi também ela, uma morte que me chocou muito.Mas esta!É estúpido dizer que a ambulância não sei que, e no local não havia o instrumento x, y ou z.Tudo funcionou normalmente! Tudo menos a máquina de MikiDeus o tenha!Escrevo a quente, ainda tolhido pelas emoções!Agora, benfiquistas!Façamos como dizia o Marquês. "Trate-se dos vivos e enterre-se os mortos!". A Miki apenas pode valer o descanso eterno. Dos vivos temos de valer nós."Show must go on".A perda de um companheiro, um amigo, um parceiro, um "team mate" como dizem os Ingleses é uma dor sem fim! A maior derrota imaginável!Há uma equipa para recuperar psicologicamente, para voltar a ter alegria, para vencer, para lutar, para ganhar o que há para ganhar, ou seja todos os jogos em que entra em campo. Cabe-nos apoiar mais do que nunca o clube do nosso coração. Ignorar o lixo que polui o futebol em Portugal, e todos os energúmenos que o espalham!Força Benfica!Viva o Benfica!Miki, estejas onde estiveres, vela por nós!"
"No meio das mudanças para a nova casa, paro.Eram 19.42, saio de casa e atravesso a rua para ir ao restaurante ver o glorioso.Sento-me bebo uma imperial e como umas chamuças.Chega a minha mulher e a minha filha, começamos a jantar.Desespero pela vitória que não chega, até que golo... e do Robocop, quem diria.O grito no restaurante ouve-se na rua.Passados alguns minutos, o silêncio é arrepiante.Levanto-me e fico em frente ao televisor, fumo, estou branco...Venho para casa e sento-me a ouvir a TSF, recebo chamadas de Angola e de outros pontos do Globo, a questionar se já sei de mais alguma coisa.Eram 23.15 quando recebo uma chamada de alguém muito especial, que me informa, Morte Cerebral.Choro, bato com a cabeça na parede, o luto tinha chegado a minha casa.Telefono para Luanda a dar a triste notícia.Olho para o céu e digo até um dia Miklos.Obrigado por tudo, obrigado pelo último passe que fizeste, pela última jogada, pela última vez que te riste.E agora, que o choque começa a refazer-se só consigo lembrar-me daquele sorriso malandro que tu tinhas, e que nos mostraste no último momento...Não consigo dizer mais...."

Koseli Helyeken

Aqui fica a traduçao para inglês da música preferida do Miki "Koseli Helyeken"

In close places

The time is sitting here on my neck
The road is running out below my feet,
I am going unless I do not want it If nobody escorts me on my way,
The rain is washing my face
And the wind is drying it,
The man always hopes something better,
I made of dust
And I will be dust,
I am afraid I am going to the fog...
On hills, on mountains
Inside of the graves of the emptied stone-mines,
In close places
On hills, on mountains
My steps still echoe,
The time is sitting here on my neck
The road is running out below my feet,
I am going unless I do not want it
And nobody escorts me on my way,
The rain is washing my face
And the wind is drying it,
The man always hopes something better,
I made of dust
And I will be dust,
I am afraid
I am going to the fog
In close places
On hills, on mountains
Inside of the graves of the emptied stone-mines,
In close places
On hills, on mountains
My steps still echoe
The time is sitting here on my neck
The road is running out below my feet,
Now I am going unless
I do not want it
And nobody escorts me on my way,
The rain is washing my face
And the wind is drying it,
The man always hopes something better,
I made of dust
And I will be dust,
I am afraid
I am going to the fog...

Wednesday, November 02, 2005

O menino que gostava de futebol

A cerimónia fúnebre de Fehér, que se realizou na tarde de 28 de Janeiro de 2004, em Gyor, ficou inevitavelmente marcada pelo comovente discurso da família. Palavras que relembraram o percurso do jogador, mas também os momentos felizes da infância, a paixão pelo futebol e os planos pessoais para um futuro próximo.O discurso da família tocou todos quantos estavam na igreja e também quem seguiu a cerimónia pela televisão. Foram estas as palavras escolhidas pela mãe e ditas em nome da família na última despedida a Miklos Fehér: «Pois, meu querido filho. Nós, a tua família, a mãe, o pai, a tua irmã Orsika, o avô, a avó, o Jancsi, a Ildikó, a Dalma e a tua noiva Adrienn, de quem gostavas tanto, nós vimos cá, não para dizer adeus, mas sim para conversar contigo.
Esta família é pequena. Estás a ver como a lista é curta? Agora ficou ainda mais curta. Agora, a mãe vai contar-te uma história e vamos lembrar os momentos felizes da nossa vida. Não precisava de dizer, mas desde o momento em que nasceste que gostámos muito de ti, adorámos-te. Eras uma criança bem educada e simpática.Gostavas muito de brincar e principalmente de jogar futebol. Lembras-te? Lembras-te meu filho? Como gostavas de jogar futebol com o teu paizinho perto do lago e depois com os amigos? Adoravas jogar com a bola... Já naquela altura gostavas de dizer a todos que um dia ias ser um futebolista muito famoso. Nós sorrimos quando tu disseste isso a um jornal, com dez anos.Lembras-te quando recebeste uma camisola especial de um jogador famoso, tinhas nove anos e jogavas na equipa... como eras feliz. A felicidade era tanta que começaste a correr à volta da casa. Nós apoiámos-te em tudo, pois queríamos, como todos os pais, que fosses feliz. Sucederam-se então os anos contigo a jogar na equipa Eto, com muito sucesso. E tu eras ainda um jovem. Lembras-te das horas a fio que passaste com o pai a falar de futebol, quando falavas sobre o jogo, em todo o lado, até na cozinha?Os conselhos, aceitaste apenas os do teu pai e eu e a tua irmã estávamos sentadas, sem dizer uma única palavra, pois o futebol é coisa de homens e as mulheres não percebem nada disso, diziam vocês. Nos outros aspectos da vida, tu aceitaste sempre a palavra da tua mãe e eu tentei ensinar-te os princípios da bondade, amor, respeito e honestidade. Espero ter conseguido. Estou muito feliz... muito feliz por seres meu filho.Sabes... dissemos sempre que a família está em primeiro lugar. E tu colocaste sempre a família em primeiro lugar. Gostaste sempre muito dos passeios que fizemos em família, dos bolos da tua mãe, das longas conversas com o Jancsi, das noites de Natal, gostavas muito de jogar às cartas. Como te preocupaste com a tua irmã e cuidaste dela. Tinhas tanto orgulho em ter uma irmã tão bonita e inteligente e ela também admirava muito, mesmo muito, a força do irmão.E, além da família, a outra coisa mais importante para ti era o futebol. Chegou então o momento da tua vida em que o sonho se tornou realidade. Lembras-te do dia em que nos estávamos a preparar com muita ansiedade a ida para Portugal e quando te tornaste jogador profissional? Tu estavas com medo e ansioso. O que iria acontecer contigo num país estrangeiro? Para aliviar esse medo e ansiedade cantávamos uma canção dos Bikini «Em sítios próximos». Também agora, no fim, vais poder ouvir esta canção.Um dos nossos olhos está a chorar, mas o outro a sorrir. O nosso coração está a doer. Ninguém percebeu o que se passou. Mesmo sabendo que estiveste num sítio seguro, mesmo assim, estávamos sempre preocupados contigo. Toda a família gostava de te visitar em Portugal para te levar um pouco de calor das tuas raízes. Mas tu, mesmo num país estrangeiro, conseguiste dar o teu melhor. As pessoas começaram a conhecer-te e depois começaram a gostar de ti. Seguiram-se anos de muito sucesso. Mas tu nunca mais esqueceste as tuas origens. Mãezinha, disseste tu: Eu nunca vou esquecer que comecei aqui em Szabadhegy, perto do lago, e agora estou a jogar com futebolistas que antes só via jogar na televisão. Disseste isso muitas vezes. Gostaste tanto de futebol que até deste a tua vida por ele. Orgulhavas-te muito das tuas raízes em Gyor.A tua vida começou a ter contornos muito bonitos. Para completar a tua felicidade, acabaste por conhecer o amor da tua vida e nós, a tua família, acompanhámos tudo com grande felicidade pois parecia que Deus os tinha criado um para o outro. Vocês estavam a planear um futuro em conjunto e nós, a família, estávamos muito felizes com o vosso amor. Estávamos a preparar o casamento para o Verão. Lembras-te, meu querido filho? E agora... temos a ansiedade de volta, a dor, a angústia. Só que agora a canção não ajuda. Vamos contar-te histórias sempre, meu querido filho. Eu prometo-te que continuarás a viver nos nossos corações. Para sempre!»

Música numa despedida branca

A Hungria recebeu de branco Fehér no seu regresso às origens. Quando a urna do malogrado jogador chegou a Budapeste a neve cobria o chão e o ambiente era de paz absoluta. No caminho até Gyor uma águia de asas abertas em pedra, situada num monte em plena auto-estrada, como que guiava o eterno camisola 29 do Benfica nesta última viagem ao país natal, onde o esperavam quatro mil pessoas para lhe dizerem adeus.
A capela era pequena de mais para acolher todos os que queriam prestar a última homenagem e alguns jogadores do Benfica tiveram de ouvir de fora os discursos e a música «Em sítios próximos» do grupo húngaro Bikini, uma das preferidas de Miklos Fehér. Depois de lida a mensagem da família, a mãe fez o prometido e cantou ao filho a música que Miki tanto adorava, mas, como referiu no discurso, desta vez a canção não ajudou a superar a ansiedade, a dor e a angustia. Anikó Miklósné Fehér agarrou ao peito uma foto do filho e sem tirar os olhos da urna cantou a balada do Miki. Este foi, para quem teve a possibilidade de ver, um dos momentos mais marcantes da cerimónia onde o silêncio só foi interrompido quando as lágrimas teimavam em cair pelos rostos.
Embalar o sono profundo

Lá fora, todos olhavam para a urna de Miklos Fehér e para a comitiva que seguiu de Lisboa com um respeito profundo. O corpo foi transportado até ao local da sepultura por alguns jogadores do Benfica ao longo de um autêntico manto branco que a natureza se encarregou de colocar. Os familiares e amigos despediram-se pela última vez de Miki, enquanto a terra o recebia, coberto com um pano branco com as cores da Hungria e um cachecol do Benfica. A música faz-se ouvir novamente e a mãe, Anikó, abraçou com as forças que ainda lhe restavam a fotografia do filho, como que o embalando para este último sono.

Com Miki entregue à terra de origem, a comitiva regressou a Lisboa com o sentimento de dever cumprido, onde chegou às 23 horas. No céu, o camisola 29 acompanhou em pensamento os colegas, equipa técnica e todos os que o levaram de volta à Hungria.

As recordações dos momentos vividos com Miklos Fehér não sairam da cabeça e todos fizeram questão de marcar com dignidade esta partida, que para os presentes foi um «Mindõrõkké» (Até breve).